O que vem acontecendo na península de Galinhos-RN em relação ao avanço do mar, tem a ver com os efeitos climáticos global (Aquecimento Global)? Ou, seria uma questão antrópica, de ordem meramente local, pela forma como são ocupadas e geridas as faixas de praias brasileiras devido a falta de fiscalização, no seu uso e ocupação, que acarreta na degradação dunar e de sua vegetação? Ou será que as duas colocações não tem contribuído para esse avanço do mar, no município, em tempo de cheia?
Galinhos, a única cidade peninsular do Rio Grande do Norte, que tem tradição na rota turística brasileira, possui uma área territorial de 340,769 km2. Com uma população estimada de 2.786 mil habitantes e densidade demográfica de 6,31 hab/km² (IBGE, 2010).
O território que compreende o município de Galinhos é composto por uma faixa de terra praieira surgida no continente, de forma linear, até se expandir para a parte mais a oeste, no sentido ao seu farol. Está inserida numa zona marítima e pesqueira.
Sua economia é baseada nas indústrias salineiras que se destaca como principal fonte de renda da cidade acompanhado, por sua vez, dos parques eólicos e da carcinicultura, os quais ocupam grandes quantidades de terras.
Apresenta uma vegetação endêmica, de transição, que compreende mangue, caatinga e sertão. Por estar em uma cidade litorânea e possuir belezas cênicas é inerente a procura pelos turistas. No entanto, essa cidade vem presenciando o avanço do mar.
Esse avanço do mar na península poderá modificar a configuração espacial física e geográfica do local, considerando-se o desenvolvimento do fenômeno a cada ano.
Além disso, a retirada das dunas e da vegetação em detrimento ao avanço da edificação horizontal sobre as margens da costa de praia, tem gerado transtorno a população devido ao fenomeno, pois a vegetação dunar que contribui para a dinâmica natural (costeira) vem sofrendo degradação pela ação antrópica. Fato esse que tem contribuído para o processo de inundação a cada ano no município de Galinhos.
Sabe-se que as discussões sobre o avanço do mar em cidades costeiras de todo o mundo, são vistas por alguns cientistas e parte da sociedade como relação dos efeitos climáticos (Aquecimento Global).
Mas esse fato tem a ver com o avanço do mar em período de cheia no município de Galinhos? Contado ao período de 15 anos, o que se pode depreender sobre os possíveis riscos e graus de percepção para a cidade?
Segundo Veyret (2017), o risco, considerado objeto social, define-se quanto a percepção do perigo, dos agravos, das relações, de um fenômeno e situação de risco em que os indivíduos estejam vulneráveis.
As populações de baixa renda são as que mais sofrem com os desastres ocorridos pelo processo de inundação, pois sofrem prejuízos domésticos, psicológicos e municipais cabendo ao poder público oferecer ajuda humanitária e governamental.
A pergunta é: qual seria o nível de vulnerabilidade e os desafios a longo prazo para população de Galinhos?
Contudo, o processo de inundação na sede do município de Galinhos-RN, precisa de um estudo e monitoramento por parte das instituições governamentais e de pesquisadores para diagnosticar os possíveis riscos e agravos que podem comprometer a população residente no lugar (ver a questão do óleo nas praias nordestinas do Brasil).
Nesta relação de causa literária, pode-se verificar melhor a situação da península? Quais efeitos práticos o avanço do mar pode trazer para a população do município em questão?
Portanto, quando se descobre a causa, de fato, surge a necessidade de se construir planos e ações governamentais, políticos, jurídicos e de engenharia para conter o avanço do mar em cidades que sofrem o processo de inundação, pois a população não pode arcar com os riscos sociais e econômicos.
Sendo assim, qual a melhor forma de depreender a extensão e a causa do avanço do mar na península? Será que o avanço desse fenômeno decorre a cada ano devido a falta da ineficiência pública e jurídica na preservação do ecossistema importante para a manutenção das encostas praieiras da península?
Todavia, para que a cidade de Galinhos continue mostrando suas belezas naturais a fim de encantar melhor os turistas, precisa desenvolver insumos políticos e sustentáveis através de uma política ambiental e territorial, que possa estar em consonância com a Estadual e Federal e amenizar o avanço do mar em período de cheia.
Haja vista, que o Poder Público precisa estar atento aos problemas que vêm ocorrendo na cidade com relação ao aumento do nível do mar, que pode afetar a ecomomia local, a população e as áreas de preservação do espaço geográfico.
É preciso de uma política séria que trabalhe com situações de riscos e desastres naturais e que estejam voltados para a preservação e cuidados básicos da fauna e da flora e dos ecossitemas que mantêm a vida na Terra.
Para isso, serão necessários a adoção de mecanismos e instrumentos essenciais para se desenvolver sustentavelmente e poder estar inserida como uma cidade turística sustentável e referenciada e que possa preservar a sua natureza e memória.
Assim, é preciso que haja um Plano Diretor Turístico e Municipal, que envolva um Código de Obras capaz de exercer o controle e a fiscalização no espaço edificado sobre seu território, para garantir segurança e salubridade das edificações a partir do fenômeno apresentado.
Julioclecio Gomes
Elisangela Correia
ÁREA DE ATUAÇÃO DA PESQUISA
http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/videos/t/g1-rn/v/mar-invade-ruas-de-galinhos-no-litoral-norte-potiguar/7968034/